Crônica - No lugar onde o sol é radiante
Dia desses estava caminhando por uma rua no Centro da
cidade, dessas que não se presta muita atenção, justamente porque as pessoas
passam todos os dias por ali e nada acontece de novo. As mesmas casas, gradeadas
ou muradas, com suas janelas fechadas, a calçada irregular... Os veículos sempre
passam por essa rua, que serve de atalho, de manobras rápidas, até a chegada à
rua principal.
Vamos aqui preservar o nome da rua. Afinal, é uma
dessas ruas que não se presta muita atenção, cinzenta, fria, inexpressiva, como
inúmeras outras, em qualquer lugar do mundo.
Pois bem! Era um dia como qualquer outro, em uma rua
como outra qualquer, mas algo me chamou a atenção. Em uma fração de segundo,
meus olhos se permitiram olhar, e enxergar, algo que imediatamente me chamou a
atenção e me remeteu à infância.
Na minha frente, enquanto caminhava apressadamente em
direção a um restaurante próximo, em um dos jardins, cercado por grades de
ferro, em meio às flores, bonecos de gesso representavam um clássico desenho
animado de Walt Disney.
Distribuídos
harmoniosamente na grama meticulosamente aparada, iluminados pelo sol do
meio-dia, ali estavam “Branca de Neve e os Sete Anões”, que pareciam ganhar
vida. O conto de
fadas criado pelos Irmãos Grimm, que foi eternizado na tela grande pela
primeira vez em 1937, o primeiro longa-metragem de animação dos estúdios Disney,
como que por encanto, veio à tona.
Sim , porque imediatamente a ludicidade aflorou em meus
recônditos! Não me contive: peguei o celular e registrei os personagens. Acho que um lado meu, cansado de ver mazelas,
violências, desrespeito e insensibilidade, de constatar o egoísmo e a
frivolidade que rege as relações sociais, num mundo regido pelas aparências,
gritava por uma imagem como aquela: uma “floresta” onde o sol é radiante, onde
há uma princesa, sete anões protetores e a esperança de felicidade.
Há momentos que a realidade é tão dura... Quando se é
criança, é possível criar um mundo paralelo, de faz-de-conta, de brincar e de se
preparar para a vida adulta. Mas, e quando essa infância é arrancada de uma
criança e ela fica sem referência de família, exposta a todo tipo de violência?
Essas crianças, com certeza, não têm acesso a estórias como essa...
Sempre acreditei que para
contrabalançar a luta árdua do dia a dia, é preciso encontrar um ponto de
equilíbrio, e entendo que a única forma que se tem de sobreviver a isso é não
deixar o coração endurecer, é manter um lado criança dentro da gente. Para mim,
a capacidade de amar e de guardar boas lembranças nos permite seguir vivendo, renovando
as forças a cada dia, sem dar espaço para o amargor.
Hoje, ao pegar o celular,
encontrei a foto de novo. E nesse momento, quando o cansaço e o desencanto tomaram
conta de mim, lembrei novamente do lugar onde o sol é radiante, e onde a
esperança povoa os nossos pensamentos. Espantei o desânimo. Ainda há muito por
fazer e realizar. Como diria Cora Coralina, “se a gente cresce com os golpes
duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves da alma”.
Ah, que post mais lindo!
ResponderExcluirAh, e a minha querida Branca de Neve!!!!!
Muitos beijinhos para ti!!
Jorge Vicente
Obrigada, Jorge Vicente, Poeta do Algueirão! :) Então és fã da Branca de Neve? rs Viva a ludicidade! :) Bjs, amigo!
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