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Mostrando postagens de agosto, 2014

CONTO - A estrada poeirenta

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O relógio da sala toca as cinco badaladas e o despertador toca poucos segundos depois. O dia ainda não amanheceu, mas a hora é agora! Espicho os braços e as pernas, feito um felino por alguns instantes, e em seguida dou um pulo da cama. Não há mais nenhum segundo a perder. Já adiei demais esse momento. Ao lavar o rosto, me detenho um pouco na imagem refletida. Estou pálido e com olheiras. E cadê aqueles olhos brilhantes, aquele sorriso sempre pronto para se abrir? Olho mais atentamente para mim mesmo e só vejo cansaço e uma certa melancolia. Por que nem sempre o que se planeja na vida é o que acontece? Por que a vida sai do nosso controle, às vezes? Por que algumas decisões são tão difíceis de serem tomadas? Por que?! Não, o espelho não vai me dar essas respostas... O tempo talvez esclareça. O tempo... o misterioso tempo, envolto em brumas, indecifrável... Coração aperta, os olhos marejam. Solto um longo suspiro, ajusto o boné e reforço a minha decisão de partir. Em seguid
É nesta quarta-feira (27), a partir das 19h30, na  Biblioteca Pública Municipal Rui Barbosa ! Aberto à participação de todos. Estarei lá para um bate-papo sobre literatura e especialmente sobre o lançamento do meu segundo livro solo, "ENCONTRO COM A PAZ e outros contos budistas", editado pela Giostri Editora , de São Paulo, que foi lançado dia 18 de julho, no  Museu Emílio Silva . Apareçam!  li https://www.facebook.com/events/771117172955039/
Entrevista que foi ao ar pela manhã no "Studio Atualidades", com Sergio Peron, em que falo sobre a minha participação na  Ciranda Literária de Jaraguá do Sul , às 19h30 de hoje, na Biblioteca  Biblioteca Pública Municipal Rui Barbosa .  http://studiofm.com.br/#Studio-news/Studio-Atualidades-na-Integra-56/27-de-agosto-2858

Crônica - Uma ponte entre o passado e o presente

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As minhas melhores lembranças da primeira infância me remetem à casa da oma Clara e do opa José, no bairro São Geraldo, em Porto Alegre. E por serem lúdicas, e por estarem relacionadas à felicidade e ingenuidade da primeira infância, é que essas lembranças  são tão vívidas. Meus avós maternos eram pessoas simples, sem muito estudo, que levavam uma vida franciscana, mas esbanjavam atenção e carinhos aos netos. Volta e meia lembro com nostalgia das rosas e das orquídeas tão bem cuidadas do canteiro de minha oma. Lembro também do meu opa chegando com o pão preto e o peixe defumado que eu gostava tanto, saboreados na refeição noturna. Minha avó era exímia na cozinha, especialmente nos doces e sobremesas, na preparação de compotas, assim como nas habilidades com o bordado, tricô e crochê. Quantos casacos, blusões e cachecóis que ela me fez amenizaram o rigoroso inverno gaúcho? Perdi a conta! Marceneiro, vovô José era hábil no manuseio das ferramentas e da madeira. Alguns móveis da ca

A morte que chocou o País

Crônica Um político jovem e carismático, com uma carreira surpreendente e com um futuro promissor, que acalentava um sonho antigo: ser Presidente do Brasil. Faltando menos de dois meses até o momento em que os brasileiros terão de se dirigir às urnas, seus planos são interrompidos abruptamente com a queda da aeronave, com mais seis pessoas, em uma área residencial de Santos, no litoral paulista. Sem saber, na fatídica manhã do dia 13 de agosto, ele se preparava para sua última viagem, para o “Voo da Morte”. Era a terceira opção, ocupava o terceiro lugar nas pesquisas de opinião, depois de Dilma Rousseff e de Aécio Neves. Era idealista, trazia a política no sangue e no DNA. Se elegeu e se reelegeu ao governo de Pernambuco. Ao ter a ex-senadora Marina Silva como vice na chapa, apontada como “boa de voto”, após a surpreendente votação no pleito anterior, ele era visto como opção para os que não aprovavam nem a reeleição de Dilma, tampouco a eleição de Aécio... Casado, 49 anos (co

Meu conto "O fim da jornada" na edição de 9 e 10 de agosto de 2014 no Notícias do Notícias do Dia - ND.

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A fábula televisiva

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Ele “chegou chegando” com seus dois metros de altura, ombros largos, andar gingado e olhando para todos os lados, com o seu olhar penetrante. Estava vistosamente trajado. Usava um conjunto branco bordado, mais parecendo um toureiro espanhol, pronto para entrar na arena e encarar o touro. A franja caída em um dos olhos e a fisionomia séria até poderiam causar certo medo, para quem não o conhecia, mas seus olhos evidenciavam a doçura de um homem apaixonado. Estava pronto para se dirigir ao altar, de onde surgirá a amada. E lá vem a noiva! Ela está rosa da cabeça aos pés, incluindo os cabelos, usa um vestido longo e rodado, e tem um sorriso estampado no rosto, como uma princesa. O noivo mal cabe em si de felicidade, ansioso para que os “salamaleques” da cerimônia religiosa acabem logo e ele possa “voar” dali, levando seu grande amor na garupa do cavalo, rumo à lua-de-mel... E o coronel? Ah, esse coronel!... E não é que parece mesmo Napoleão, com sua pose de dono do mundo, seu olh