Crônica - Existe privacidade na rede social azul?
Sempre encarei o mundo sem fronteiras das redes sociais
como uma ótima ferramenta para interagir e se interligar com as pessoas. Já
reencontrei amigos de longa data, alimento laços familiares, profissionais,
pessoais, e também tive a oportunidade de conhecer muita gente boa dessa forma.
É claro que é preciso estar atento para filtrar e volta e meia passar um pente
fino nas “amizades” adicionadas, mas essa é uma prática que deve se manter tanto no mundo virtual, como no
real.
É certo que a luz de alerta deve estar permanentemente
ligada, para segurança material e pessoal, identificar as páginas fake, racistas, incitadores de
violência, homofóbicos, e até para evitar assédio sexual e pedofilia.
Todo o cuidado é pouco quando se lida com a rede social
azul, aquela que em março deste ano já havia amealhado 1,23 bilhão de usuários
no planeta, dos quais 61,2 milhões estão no Brasil... Aliás, com o anúncio da
desativação do Orkut, essa semana, considerado obsoleto (“jurássico”, eu diria,
tanto que deletei a minha página há quatro anos!), a força da rede social azul
tende a aumentar ainda mais...
Tem muita coisa descartável e até nociva na rede social
azul? Muita gente postando opiniões e imagens “sem noção”? Tem, sim! Mas também
existem informações preciosas, pitadas de cultura, mensagens, vídeos e fotos
emocionantes, dicas bem-vindas para otimizar a qualidade de vida e, até, piadas
engraçadas que aliviam a tensão e nos fazem soltar sonoras gargalhadas... Ah, e
para os solitários de plantão, infinitas possibilidades para se relacionar.
Enfim, tem de tudo na rede!
E por falar em tem de tudo, isso inclui também a
ostentação, o exibicionismo dos que fazem questão de mostrar o que tem e se
vangloriar por isso. E veio do Reino Unido a notícia de que um jovem de 17 anos
criou a página Rich Kids of Snapchat, um aplicativo de mensagens
instantâneas e no Instagram, criado especialmente para que os adolescentes com
idade perto dos 20 anos compartilhem fotos de viagens com jato particular,
relógios caros, carros esportivos e roupas de marca...
Consta que esse adolescente, que se mantém no
anonimato, teria começado a fortuna aos 12 anos, com a compra de ações e
commodities... Geração exibicionista? Egocêntrica? Egoísta? Sem preocupação
social? Pois é, também tem isso na rede social azul...
Mas o fato que “vazou” essa semana e que vem causando
indignação é que o poderoso dono da rede social azul, que integra a
controvertida “Geração Y”, durante uma semana manipulou o feed de notícias de um grupo de usuários, em 2012, para avaliar se
o conteúdo de mensagens recebidas afetaria o seu humor.
A iniciativa de “fuçar” a vida desses usuários fez
parte de uma parceria com as universidades americanas de Cornell e da
Califórnia, “para avaliar se o conteúdo das mensagens recebidas afetaria o
humor e o teor das próprias atualizações...” O caso é investigado por
parlamentar do Partido Trabalhista da Grã-Bretanha e abriu uma discussão sobre
privacidade, ética, poder e consentimento sobre plataformas digitais.
E agora? Você acredita que adianta restringir o acesso
às informações pessoais na rede? Afinal, existe, ou não, privacidade na rede
social azul?
Minha querida amiga,
ResponderExcluireu tenho uma ideia muito diferente do mais profundamente íntimo de nós próprios, do mais profundamente pessoal de nós: as nossas ideias, os nossos sentimentos. Esses devem ser compartilhados, tornados públicos, disponíveis para a humanidade pegar neles e transmutar-se a si própria e se tornar uma humanidade melhor. Aquilo que muita gente considera privado para mim é a dimensão social e pública da vida: a nossa relação com os outros e, nesse caso, a partilha se torna mais complicada. Partilho de mim ou partilho do outro? Em que medida uma partilha minha com outro (uma fotografia com outro, por exemplo), sem o consentimento do outro será lícito ou ético. Onde pára essa dimensão pública ou social?
Por agora, é tudo!
Muitos beijos
Jorge