Crônica - Desastres naturais e solidariedade

De uns tempos para cá, somos constantemente surpreendidos por catástrofes naturais. São avalanches, tsunamis, vulcões, tornados, furacões e terremotos, que além de milhares de mortos, feridos, desespero e dor, trazem uma mensagem clara da natureza: de quão frágeis somos perante o Universo. O “bicho homem”, que sempre se achou o dono do mundo, tão racional e superior a todas as espécies, que devastou e ainda devasta os recursos naturais, hoje paga de forma amarga as consequências pelos desatinos praticados.

Desde a Revolução Industrial até aqui, o Homem percorreu o século 20 e alcançou o século 21 empreendendo uma corrida desenfreada, passando por cima de tudo e de todos, de forma egoísta e egocêntrica. Acordos foram assinados e descumpridos pelas grandes potências mundiais, na tentativa de reduzir os efeitos nefastos da poluição ambiental, mas concretamente pouco foi feito, efetivamente. Apenas maquiagens, ações superficiais e inócuas, nada mais.

E o resultado está aí, escancarado para quem quiser ver: um ecossistema abalado e cada vez mais fora de controle, que passa a exigir atitudes responsáveis, mudanças de hábitos e adoção de posturas éticas, de respeito ao meio ambiente e seus habitantes. Mas será que a ficha já caiu? 

E a água, recurso cada vez mais finito? O que mais falta acontecer?
Você, leitor, deve estar se perguntando: Por que escrever da associação entre desastres naturais e solidariedade, algo que parece tão óbvio?!
 Realmente, as pessoas ficam mexidas com situações pontuais relacionadas a desastres. Nos comovemos com as imagens das vítimas do tornado que arrasou Xanxerê e Ponte Serrada, no Oeste Catarinense, e com o terremoto no Nepal, um povo simpático que leva a espiritualidade de uma forma bela e serena.

Nessas horas, sentimentos que parecem estar “adormecidos”, entre os que vivem ligados no automático, são despertados repentinamente. São momentos em que muitos dos que levam uma postura predatória em relação aos demais, na feroz luta pelo poder e bens materiais, “milagrosamente” parecem lembrar que são humanos, habitantes de um mesmo planeta, capazes de estender a mão e socorrer a quem precisa...

A impressão que dá é que apenas acontecimentos trágicos conseguem vencer a frieza de seus corações empedernidos. Porém, o mais chocante é que, em muitos casos, assim que a situação é normalizada, voltam os velhos hábitos e o individualismo novamente volta a imperar. É como se a palavra “solidariedade” deixasse novamente de fazer parte do vocabulário dessas pessoas. Lamentável!

Sábado passado tive a grata satisfação de entrevistar o monge indiano Dada Siddheshvarananda,  em sua breve visita a Jaraguá do Sul. Pude comprovar de perto o exemplo de alguém que faz do comprometimento com os serviços sociais o motivo de sua existência. Pessoas assim compensam com o Bem o que muitos outros fazem em favor do Mal.


Com certeza, escolher a vida monástica não é a solução da maioria, mas a sua postura humanista é um referencial. Que a palavra solidariedade seja pronunciada, e vivenciada, não apenas em momentos trágicos, mas que passe a fazer parte do dia a dia de todos nós!

Crédito de imagem: http://www.forumavarzim.org.pt/conteudo/reinventar-solidariedade

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