Crônica - Porto que te quero Alegre





A expectativa de voltar à cidade-natal está sempre presente. Conto os dias e as horas, e quando o momento chega, sempre sou surpreendida pelo inesperado. Geralmente minha primeira impressão vem através dos taxistas. Têm os que dão bom dia, os que respondem ao cumprimento, os que não respondem, aqueles que tentam fazer o trajeto maior do que o necessário, os apressados, os “devagar, quase parando”, os falantes, os calados, os bem e os mau humorados...

Mas, no último sábado, tive a grata surpresa de, ao chegar ao destino, por volta das 6h30, ouvir do taxista que esperaria até que fosse atendida e estivesse segura, dentro do condomínio da família... O dia nem tinha amanhecido por completo, a rua estava deserta, e uma sensação de alívio e de gratidão me invadiu, ainda mais que meu pai nem tinha acordado ainda... 

Depois do almoço, me dirijo ao Centro de Porto Alegre, como de costume. É lá que está o Mercado Municipal, com sua arquitetura secular, onde se encontra de tudo. Lugar de fartura, onde se encontram os mais variados produtos e aromas, inebriantes. Lugar democrático, onde as tribos se cruzam e se confraternizam, enquanto se deliciam na banca do tradicional morango com nata, ou quando compram o peixe fresco, o bacalhau, a erva-mate a granel, os queijos e os vinhos do Mercosul...

Os prédios históricos da área central da capital gaúcha sempre me encantaram, mas infelizmente, nem todos estão restaurados. Grande parte está com as estruturas comprometidas, modificadas, ou em obras de restauração que não avançam. Por isso, quando subo a Rua da Ladeira e alcanço o imponente prédio da Biblioteca, nem acredito que o vejo restaurado e aberto. Não resisto e clico algumas fotos. Um breve flash back se formou imediatamente diante de meus olhos. Durante a adolescência e até o início da década de 1990, foi um dos lugares onde mais gostava de estar.

E o que dizer da Casa de Cultura Mário Quintana, multicultural, com uma programação diferenciada, com seus espetáculos de teatro, contações de histórias, exposições, biblioteca e cinemas?

Logo depois passo pelo pomposo Theatro São Pedro, palco de peças e apresentações de música memoráveis. Os prédios da Assembleia Legislativa, da Catedral Metropolitana, do governo estadual estão ali, como sempre estiveram... Quanto tempo!

Sigo pela Rua Duque de Caxias e procuro uma padaria em que os proprietários são argentinos, que recentemente foi alvo de uma reportagem local. Ando algumas quadras e finalmente encontro a Padaria La Tasca, que realmente lembra uma cafeteria que encontrei na minha viagem a Buenos Aires, pela diversidade de itens de panificação e opções em bebidas.

O prédio é antigo, mas bem cuidado, com vários ambientes e um cardápio completo. Fica no final do Centro, quase no limite com a Cidade Baixa, o bairro onde se instalaram os açorianos que formaram o então “Porto dos Casais”, que mais tarde passaria a ser “Porto Alegre”...
Tomo o delicioso café e o pão quente recheado de frios (que não recordo o nome, em espanhol) e usufruo do clima do lugar. Minha cidade-natal, minha Porto que te quero Alegre mais uma vez me surpreendeu!


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