O “bife-ostentação” dos brasileiros
Existem fatos relacionados aos
bastidores dessa Copa do Mundo do Catar que geram indignação e incredulidade.
No domingo passado, abordei na coluna sobre as péssimas condições de trabalho
dos imigrantes que alavancaram as fabulosas obras da Copa, assim como as severíssimas
leis infringidas às mulheres, submetidas à “tutela masculina”. São situações
que geram protestos da comunidade internacional, especialmente das organizações
defensoras dos direitos humanos.
O padre Júlio Lancelotti, com forte atuação junto aos moradores de rua, em São Paulo, questionou o acontecido no Instagram. Segundo Lancelotti, “enquanto milhões pelo mundo passam fome nos chega um vídeo deste, acintoso, e que nos causa indignação e tristeza". Triste, realmente. A que ponto chegamos!
Mas essa semana outra situação chamou
a atenção, dessa vez relacionada a alguns jogadores da Seleção Brasileira fora
de campo: o consumo de carne banhada a ouro 24 quilates, avaliada em
aproximadamente R$ 9 mil. Oi?! Alguém aí pode me dizer desde quando ouro é
comestível?!
O padre Júlio Lancelotti, com forte atuação junto aos moradores de rua, em São Paulo, questionou o acontecido no Instagram. Segundo Lancelotti, “enquanto milhões pelo mundo passam fome nos chega um vídeo deste, acintoso, e que nos causa indignação e tristeza". Triste, realmente. A que ponto chegamos!
A iniciativa foi a maneira escolhida
para comemorar a vitória de 1 x 0 contra a Suíça. Coube ao ex-centroavante Ronaldo
Fenômeno “puxar o carro”, carregando atletas brasileiros como Gabriel Jesus,
Éder Militão e Vinícius Júnior para “saborear” a caríssima iguaria. A atitude
dos brasileiros dividiu as opiniões dos internautas que assistiram os vídeos da
“comemoração” dos jogadores. (Pena que tamanha “euforia” não
resultou em sorte no jogo seguinte, não é mesmo?...) Menos festa e mais foco, é
disso que o futebol brasileiro precisa!
Mas voltando ao episódio do “bife com
ouro”, enquanto alguns defendem a premissa de que “o dinheiro é deles
(jogadores) e podem gastar como quiserem”, há os que, como eu, se sentem
incomodados e consideram o ato uma ostentação desnecessária, e até desrespeitosa.
Lembrei do vídeo gravado em Jurerê Internacional, há alguns anos, mostrando
jovens rindo enquanto queimavam dinheiro. Na época, as imagens viralizaram e
causaram indignação em muita gente.
O comentarista e ex-jogador Walter
Casagrande (sem papas na língua, como sempre), entende a atitude dos jogadores como
um deboche, considerando a dura realidade de grande parte dos brasileiros.
Lembrou que cerca de 62 milhões de pessoas no nosso país sofrem com a
insegurança alimentar, “e os ídolos deles, quando aparecem numa matéria, estão
comendo bife com ouro”. Sem falar no desemprego, que ainda atinge em torno de
9,5 milhões no país.
* Publicado em 4 de dezembro de 2022, na coluna semanal do JDV Online, aos domingos.
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