Conto - A volta de Manequinha
“Manuel foi pro céu...” A frase remete a uma conhecida música de Ed Motta... Mas me faz lembrar especialmente do saudoso Manoel Rosa, ícone da folia carnavalesca de Jaraguá do Sul, no Norte Catarinense!
Manequinha, Mestre Manequinha, Senhor Carnaval... Quem o conheceu, não tem como esquecer sua figura magra e franzina, mas determinada, a pele cor de ébano e seus expressivos olhos azuis.
Nascido no Morro da Boa Vista (o Morro da África, como era chamado), foi na Vila Lenzi, onde passou a residir na década de 1940, que ele se consagrou como folclorista e carnavalesco.
Elegantemente vestido e com porte nobre, conduzia o bloco Estrela D’Alva como um maestro, e se agigantava perante à platéia da avenida Walter Marquardt. Ele mesmo cuidava de tudo, especialmente da bateria. Afinal, o respeitável público se acostumou em vê-lo desfilar desde 1938, quando criou o grupo “Estrela D’Alva”, o mais antigo bloco de carnaval da cidade!
Na década de 1950, inovou com o Grupo Folclórico Bumba-meu-boi, com os personagens confeccionados por ele mesmo. Sua carisma inigualável o manteve, por décadas, como o maior representante da cultura popular local. Mas um dia ele atendeu ao chamado e se foi, em 13 de julho de 2007, na véspera de completar 87 anos (ou seriam 90?). Naquela noite, com certeza o céu ganhou mais uma estrela...
Vai ver que é por isso que circulam várias versões sobre a despedida de Manequinha... De que talvez ele esteja dormindo um longo sono...Ou foi levar sua alegria bem brasileira para o vasto Universo... “Manequinha não morreu, nem nunca vai morrer!”, asseguram seus fãs.
Há quem afirme que, a cada carnaval, o velho Manequinha veste o seu impecável terno branco, o sapato lustrado com esmero, o chapéu de sambista, e desce à Terra para espiar a Folia de Momo. Invisível, ele circularia pela concentração dos blocos, acompanharia o desfile dos foliões e a performance dos músicos ao apresentarem os sambas-enredos... Dizem que ele sente falta da alegria da maior festividade popular brasileira, e por isso “escapa” uma vez por ano, sempre em fevereiro... Quer ouvir o som contagiante da bateria, o brilho e o colorido das fantasias, o samba no pé e a sensualidade das cabrochas...
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