CONTO - A estrada poeirenta
O relógio da sala toca as cinco badaladas e o despertador toca poucos segundos depois. O dia ainda não amanheceu, mas a hora é agora! Espicho os braços e as pernas, feito um felino por alguns instantes, e em seguida dou um pulo da cama. Não há mais nenhum segundo a perder. Já adiei demais esse momento. Ao lavar o rosto, me detenho um pouco na imagem refletida. Estou pálido e com olheiras. E cadê aqueles olhos brilhantes, aquele sorriso sempre pronto para se abrir? Olho mais atentamente para mim mesmo e só vejo cansaço e uma certa melancolia. Por que nem sempre o que se planeja na vida é o que acontece? Por que a vida sai do nosso controle, às vezes? Por que algumas decisões são tão difíceis de serem tomadas? Por que?! Não, o espelho não vai me dar essas respostas... O tempo talvez esclareça. O tempo... o misterioso tempo, envolto em brumas, indecifrável... Coração aperta, os olhos marejam. Solto um longo suspiro, ajusto o boné e reforço a minha decisão de partir. Em seguid...